Uma dose da vacina contra varicela não foi suficiente para proteger 43% de 286 alunos de uma escola de Ensino Fundamental na Filadélfia, nos Estados Unidos, contra um surto da doença. Nas crianças não vacinadas, o estrago foi maior: 83% contraíram a popular “catapora”. Esses dados são parte de um estudo encabeçado pelo médico Michael Nguyen, do CDC - Centro de Controle e Prevenção de Doenças do Estados Unidos, sobre a importância da aplicação da segunda dose da vacina na idade pré-escolar. O trabalho foi publicado em agosto de 2010 no The Pediatric Infectious Disease Journal, órgão oficial tanto da Sociedade Americana como da Sociedade Européia de Doenças Infecciosas Pediátricas.
Este ano, uma onda de surtos de varicela vem varrendo o Brasil. Entre janeiro a setembro, os estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais contabilizaram 31.962 casos, com 29 mortes – um aumento de 56,28% em comparação a 2009, quando foram computados 20.451 casos. No estado de São Paulo, os registros referem-se apenas aos surtos, porque no Brasil a varicela não é doença de notificação compulsória, exceto nos estados de Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul. O Ministério da Saúde exige a notificação apenas dos surtos.
Dois anos antes da Sociedade Americana de Pediatria, a SBIm – Sociedade Brasileira de Imunizações recomendou a aplicação da segunda dose da vacina contra varicela. O professor-doutor Edimilson Migowski, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e presidente da SBIm naquele estado, justificou a medida porque “às vezes, a criança não apresenta resposta imune à vacina ou perde a proteção conferida pela vacina com o passar do tempo”.
Na análise da pediatra Lucia Bricks, diretora de saúde pública da Sanofi Pasteur, a divisão vacinas do grupo Sanofi-Aventis, a varicela pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, provocando maiores taxas de complicações em imunocomprometidos, crianças menores de um ano e pessoas com mais de 15 anos. “Em números absolutos, a maioria das complicações e mortes ocorre em crianças saudáveis, particularmente naquelas que frequentam creches ou pré-escolas. Essas crianças são expostas mais precocemente à varicela e, durante os surtos, correm maior risco de adquirirem a doença, devido à intensidade da infecção”, afirma a médica.
A vacina internacionalmente conhecida por Varicela Biken foi a primeira desenvolvida no mundo contra varicela. Comercializada pela Sanofi Pasteur, deve ser aplicada em crianças maiores de 12 meses. Tanto a SBim como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam a segunda dose, entre os quatro e seis anos.
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