Inspirado em suas próprias lembranças de infância, em especial naquelas mais afetivas, como as brincadeiras solitárias em casa ou na rua com os amigos, e nos desejos profundos que se tem quando criança, O pote mágico(Editora Planeta/ selo Planeta Infantil, 48 pp., R$ 29,90) narra a saga de um garoto para descobrir o conteúdo encantado de um pote de vidro.
Nessa história cativante e nostálgica de um tempo que já não existe, isto é, o tempo da infância de quem hoje é adulto, O pote mágico segue a jornada do pequeno protagonista – possivelmente o próprio Ferréz, quando criança – para conseguir saber o que há dentro do tal pote. De acordo com seu amiguinho Dim, cuja casa fica localizada logo atrás da sua, o pote de vidro contém “uma massa azul meio transparente, muito linda”, com a qual “dá pra fazer bolinha de vidro”.
Essas informações são suficientes para maravilhar o protagonista, que, a partir daí, passa a ter devaneios com o conteúdo encantado do pote. E então faz de tudo para conseguir os R$ 5,00 cobrados por Dim para ter acesso ao objeto mágico. Isto é: vale desde juntar ferro-velho para o Senhor Zé vender, até olhar os carros das pessoas no estacionamento do supermercado, em troca de uns trocados.
Mas nem tudo na vida é do jeito que a gente espera, e Ferréz lida com essas frustrações enquanto desenvolve essa história de uma maneira bastante sensível.
Por ser um garoto vivendo na periferia de uma grande cidade – cujo nome não é citado, mas que provavelmente é a São Paulo natal do autor -, o protagonista se difere dos garotos ricos que têm tudo na hora em que querem. Mas saber “se virar”, como diz sua mãe quando ele lhe pede os R$ 5,00, e lidar com as frustrações inerentes à existência de cada um são desafios que fazem parte da vida de toda criança.
E, mesmo sem a intenção explicíta de finalizar seu livro com uma “moral da história”, Ferréz passa uma bela mensagem às crianças, sem nem sequer ter de revelar o conteúdo mágico do tal pote.
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